Com uma finalidade supletiva, a articulação entre a vigilância epistemológica
externa com a interna aconselha a fazer-se uma crítica (e autocrítica) do resultado do
trabalho dos historiadores, elegendo-o como o objecto da própria historiografia.
Defende-se, deste modo, a importância epistemológica da história da historiografia,
quer dizer, da «reflexão e análise sobre a escrita da história e as estratégias retóricas e
cognitivas seguidas pelos seus autores, e plasmadas na obra histórica». Elena Hernández
Sandioca, 2004. No fundo, trata-se de extrair consequências do pressuposto que a
sustenta, já que, se toda a acção humana é histórica (e historiável), porque não o serão os seus esforços cognitivos para apreender essa condicionalidade? De facto, o historiar
tem de ser pensado como uma actividade epocal, desencadeada a partir de horizontes
de pré-compreensão, húmus de onde emergem as questões historiográficas (C. E.
Schorske, 1998).