In the recent research work entitled Monuments, Territory and Identity in Estado Novo we have found
that a specific political ideology materialised in the Portuguese spatial organisation based on the definition
of a project towards the consciousness of a legacy, an unchallenged strategy devised in the early revival
of a Portugueseness defended by the regime led by António de Oliveira Salazar. The notion of Estado
Novo would thus be presumably seen as a personal programme seriously committed to nationalist and
anti-democratic convictions, projected and sanctioned in a new Constitution responsible for imposing a
tendentially totalitarian power. However, due to a number of episodes and facts surrounding the Dictatorship
period, such a plan for Portugal was implemented across the land through many and varied works
and transformations, which certainly shaped the unmistakable images of the Salazarist Nation. They
were known as portraits of Portugueseness, however, as we have found, they not only highlighted those
much desired nationalist and regionalist features, but also revealed an international, modern, allegedly illegitimate
and forbidden character. The campaigns for the reintegration of national monuments implemented
under official technical guidance, which expressly ordered that all old and historical structures had to be
returned to their original state, supported the required general aspect and fascistic plans from the North
to the South of the territory. The energetic propaganda activity carried out in the first two decades by the
Diário de Notícias special delegate, António Ferro, allowed the Portuguese people, and hopefully the world,
to idealise about the fairy tale homeland that was believed to be under (re)construction. The ambition
was to domesticate everyone’s views of Portugal. To that end, commemorations, exhibitions, publications,
awards and many other events were organised to disclose and popularise such an ideal. While the
cinema, on a smaller scale, was not one of those privileged instruments of indoctrination, it nevertheless
reproduced some frames that represented well the animated version of national life, especially through
various documentaries on everyday life in the countryside, or the unparalleled history of monuments. Our
purpose takes that line to uncover how this industry was appropriated for the sake of the irreproachable
ideological myths mustered by the Estado Novo, and how the national monuments portrayed the idea of
being Portuguese on canvas. This short-film retrospective of Salazarist Monuments consists of a total of
fourteen documentaries shown at Cinemateca Portuguesa.
Na recente investigação cumprida em Monumentos, Território e Identidade no Estado Novo concluímos,
em definitivo, que da definição de um projeto à memorização de um legado se consagrou na organização
do espaço português certa ideologia política, incontestada estratégia, com certeza concertada nos
princípios de uma reavida Portugalidade defendida pelo regime chefiado por António de Oliveira Salazar.
O Estadonovismo seria, assim, presumivelmente presenciado como um programa pessoal sobremaneira
comprometido com convicções nacionalistas e antidemocráticas, projetadas e sancionadas numa nova
Constituição responsável pela imposição de um poder tendencialmente totalitário. Porém, conjuntamente
em razão de diferentes episódios e factos sobrevindos à época da Ditadura, compreender-se-ia
que dito plano para Portugal se impôs no lugar da terra mediante numerosas e multifacetadas obras e
transformações, que decerto conformaram inconfundíveis imagens da Nação Salazarista. Apelidar-se-
-iam retratos do portuguesismo, porém, segundo se apurou, não apenas evidenciariam aquelas feições
nacionalista e regionalista tão apetecidas, como, a par, expunham uma feição internacional, moderna,
alegadamente ilegítima e proibida. As campanhas de reintegração dos monumentos nacionais tecidas à
luz de uma orientação técnica, oficial, que expressamente ditava que todas estas antigas e históricas
estruturas regressassem à sua originalidade deveras consubstanciaram de Norte a Sul do território
tais fácies e desígnios fascizantes então exigidos. Por meio da enérgica ação da propaganda dirigida
nas primeiras duas décadas pelo outrora enviado especial do Diário de Notícias, António Ferro, os portugueses
e, desejadamente, o Mundo conheceriam, de forma idílica, aquela Pátria de conto de fadas que
se acreditava estar a (re)construir. A todos se ambicionava domesticar a perspetiva tida sobre Portugal.
Para o efeito, organizaram-se comemorações, exposições, publicações, prémios e muitos outros
acontecimentos que tivessem a capacidade de a divulgar e popularizar. Ainda que não constituísse um
desses instrumentos privilegiados de inculcação, também o cinema, à sua restrita escala, reproduziria
determinados fotogramas bem representativos e animados da vida nacional, especialmente através
de diversos documentários alusivos ao quotidiano experimentado no campo ou à inigualável História admirada nos monumentos. É, neste sentido, nosso propósito desvendar como esta indústria foi
apropriada em favor dos incensuráveis mitos ideológicos arregimentados pelo Estado Novo e como
os monumentos nacionais nas telas materializaram certa ideia de Ser Português. Uma curta-metragem
retrospetiva sobre os Monumentos do Salazarismo que se perfará considerando catorze documentários
visualizados na Cinemateca Portuguesa.
In the recent research work entitled Monuments, Territory and Identity in Estado Novo we have found
that a specific political ideology materialised in the Portuguese spatial organisation based on the definition
of a project towards the consciousness of a legacy, an unchallenged strategy devised in the early revival
of a Portugueseness defended by the regime led by António de Oliveira Salazar. The notion of Estado
Novo would thus be presumably seen as a personal programme seriously committed to nationalist and
anti-democratic convictions, projected and sanctioned in a new Constitution responsible for imposing a
tendentially totalitarian power. However, due to a number of episodes and facts surrounding the Dictatorship
period, such a plan for Portugal was implemented across the land through many and varied works
and transformations, which certainly shaped the unmistakable images of the Salazarist Nation. They
were known as portraits of Portugueseness, however, as we have found, they not only highlighted those
much desired nationalist and regionalist features, but also revealed an international, modern, allegedly illegitimate
and forbidden character. The campaigns for the reintegration of national monuments implemented
under official technical guidance, which expressly ordered that all old and historical structures had to be
returned to their original state, supported the required general aspect and fascistic plans from the North
to the South of the territory. The energetic propaganda activity carried out in the first two decades by the
Diário de Notícias special delegate, António Ferro, allowed the Portuguese people, and hopefully the world,
to idealise about the fairy tale homeland that was believed to be under (re)construction. The ambition
was to domesticate everyone’s views of Portugal. To that end, commemorations, exhibitions, publications,
awards and many other events were organised to disclose and popularise such an ideal. While the
cinema, on a smaller scale, was not one of those privileged instruments of indoctrination, it nevertheless
reproduced some frames that represented well the animated version of national life, especially through
various documentaries on everyday life in the countryside, or the unparalleled history of monuments. Our
purpose takes that line to uncover how this industry was appropriated for the sake of the irreproachable
ideological myths mustered by the Estado Novo, and how the national monuments portrayed the idea of
being Portuguese on canvas. This short-film retrospective of Salazarist Monuments consists of a total of
fourteen documentaries shown at Cinemateca Portuguesa.
Na recente investigação cumprida em Monumentos, Território e Identidade no Estado Novo concluímos,
em definitivo, que da definição de um projeto à memorização de um legado se consagrou na organização
do espaço português certa ideologia política, incontestada estratégia, com certeza concertada nos
princípios de uma reavida Portugalidade defendida pelo regime chefiado por António de Oliveira Salazar.
O Estadonovismo seria, assim, presumivelmente presenciado como um programa pessoal sobremaneira
comprometido com convicções nacionalistas e antidemocráticas, projetadas e sancionadas numa nova
Constituição responsável pela imposição de um poder tendencialmente totalitário. Porém, conjuntamente
em razão de diferentes episódios e factos sobrevindos à época da Ditadura, compreender-se-ia
que dito plano para Portugal se impôs no lugar da terra mediante numerosas e multifacetadas obras e
transformações, que decerto conformaram inconfundíveis imagens da Nação Salazarista. Apelidar-se-
-iam retratos do portuguesismo, porém, segundo se apurou, não apenas evidenciariam aquelas feições
nacionalista e regionalista tão apetecidas, como, a par, expunham uma feição internacional, moderna,
alegadamente ilegítima e proibida. As campanhas de reintegração dos monumentos nacionais tecidas à
luz de uma orientação técnica, oficial, que expressamente ditava que todas estas antigas e históricas
estruturas regressassem à sua originalidade deveras consubstanciaram de Norte a Sul do território
tais fácies e desígnios fascizantes então exigidos. Por meio da enérgica ação da propaganda dirigida
nas primeiras duas décadas pelo outrora enviado especial do Diário de Notícias, António Ferro, os portugueses
e, desejadamente, o Mundo conheceriam, de forma idílica, aquela Pátria de conto de fadas que
se acreditava estar a (re)construir. A todos se ambicionava domesticar a perspetiva tida sobre Portugal.
Para o efeito, organizaram-se comemorações, exposições, publicações, prémios e muitos outros
acontecimentos que tivessem a capacidade de a divulgar e popularizar. Ainda que não constituísse um
desses instrumentos privilegiados de inculcação, também o cinema, à sua restrita escala, reproduziria
determinados fotogramas bem representativos e animados da vida nacional, especialmente através
de diversos documentários alusivos ao quotidiano experimentado no campo ou à inigualável História admirada nos monumentos. É, neste sentido, nosso propósito desvendar como esta indústria foi
apropriada em favor dos incensuráveis mitos ideológicos arregimentados pelo Estado Novo e como
os monumentos nacionais nas telas materializaram certa ideia de Ser Português. Uma curta-metragem
retrospetiva sobre os Monumentos do Salazarismo que se perfará considerando catorze documentários
visualizados na Cinemateca Portuguesa.