The current study analyses the evolution
of hospital admissions and outpatients
visits, in 2002, 2007 and 2012, in the
psychiatric departments of the two metropolitan
areas of Lisbon and Porto. Data
collected from medical charts (n=3560 for
the psychiatric admissions and n=3809 for
the outpatient clinic visits) were used, in
order to assess the association between
this evolution and the economic crisis occurring
in the last years in Portugal.
The results show that, as in other European
countries, the economic crisis greatly
impacted the mental health of the populations,
with an increase in the use of the
psychiatric services, inpatient units, and,
even more, outpatient clinics. This increased
use of the inpatient services was significantly
associated with higher material and
social deprivation in the areas of residence.
The economic crisis effect was particularly
severe in the group of elderly and unemployed
people. There was a significant increase
in attempted suicide and suicidal ideation
also in psychiatric services’ users, and
significantly more in women.
These results call, in times of economis crisis,
for a strengthening of the ambulatory
services, at primary and psychiatric care
levels, in order to address the population
greater needs. Reinforcement of social policies
and programmes aimed at reducing
the debts’ impact and promoting employment
of the more vulnerable groups, as
advocated by the World Health Organization,
is also greatly needed.
O presente estudo avalia a evolução do internamento e das
consultas de psiquiatria nas Áreas Metropolitana de Lisboa e
Porto, em 2002, 2007 e 2012, através da consulta dos processos
clínicos (n=3560 para os internamentos e n=3809 para as
consultas), bem como a associação entre esta evolução e a
crise económica ocorrida nos últimos anos em Portugal.
Os resultados mostram que em Portugal, como noutros países
europeus, a crise económica teve grande impacto na saúde
mental da população, traduzido no aumento da utilização do
internamento psiquiátrico e, de forma mais marcada, das consultas
de psiquiatria. O aumento de utilização do internamento
psiquiátrico esteve significativamente associado com a maior
privação material e social das áreas de residência dos utentes.
O efeito da crise económica foi particularmente gravoso no
grupo dos idosos e dos desempregados. As tentativas de suicídio
e a ideação suicida também aumentaram nos utentes dos
serviços psiquiátricos e de forma significativa, nas mulheres.
Estes resultados indicam a necessidade, em tempos de crise,
do reforço dos serviços ambulatórios, nos cuidados de saúde
primários e psiquiátricos, que possa responder às maiores
necessidades da população. Como defendido por vários autores
e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), torna-se
igualmente necessário o reforço de políticas sociais e de programas
que reduzam o impacto das dívidas e promovam o
emprego e o apoio social dos grupos mais vulneráveis.