A percepção climática, em especial quanto aos riscos, foi avaliada em Maputo, por meio de 144 entrevistas
conduzidas em novembro de 2009 e outubro de 2012, constando questões para caracterizar a pessoa (idade,
escolaridade, gênero etc.) e perguntas abertas sobre tempo e clima, de forma a aferir conhecimentos,
percepções, preferências e fontes de informação. Os resultados revelaram que muitas pessoas usam o
conhecimento empírico, as vezes associando com informações provenientes da mídia, e que muitos temas
acontecidos em locais remotos mas veiculados incessantemente são entendidos como influentes nos fatos
atmosféricos vividos por eles. Os entrevistados entendem que Maputo apresenta grande variabilidade das
condições atmosféricas e a maioria acredita estar havendo sinais de mudanças climáticas (mais calor e maior
irregularidade). Muitos foram críticos com a atuação do poder público, mas vários lembram que a população
também teria culpa no advento de calamidades. Os fenômenos mais citados como passíveis de engendrar
transtornos foram as cheias, o que condiz com a realidade climática. Vários entrevistados afirmaram já ter
passado por situações de risco, tendo sido a mais citada a cheia associada à passagem de um ciclone tropical
no ano 2000. As pessoas gostam dos lugares onde vivem e acreditam que o poder público é ineficaz no
gerenciamento de condições calamitosas. Não houve grandes diferenças entre as respostas de acordo com
gênero, idade e grau de escolaridade.